“No
princípio era o fim.
Do
que havia antes,
Pouco
se sabe.
Este
é o tempo além das brumas,
Indevassável
aos tolos,
Conquistável
aos Sábios.
Este
é o tempo do qual pouco restou,
E
cuja maior testemunha,
É
a Pedra Negra.”
Livro
Negro da Estrela Prateada. Cap.1 Vers.1
Conta também o Livro,
que o fim inicial foi desencadeado
por uma guerra divina, numa época em que os deuses caminhavam entre os homens,
e os governavam. As hostes de Thelos guerrearam contra o Exército da Estrela
Prateada, liderado pelos Cinco Pilares, cinco deuses que convenceram os humanos
da legitimidade da sua causa. No sétimo dia de guerra, quando o lado dos Cinco
deva a guerra por vencida, Thelos cruzou o campo de batalha com uma pedra
resplandecente nas mãos, fincou-a na terra, e o que sucedeu espantou a todos,
deuses e humanos. A Pedra lançou um tentáculo de luz azulada na direção de cada
um dos Cinco, e os tragou para dentro dela, que logo após permaneceu ali, uma
imensa pirâmide negra fumegante. O Exército da Estrela Prateada ainda lutou por
um tempo, mas foi subjugado. No dia seguinte, quando Thelos discursava,
declarando-se “Rei do Mundo Inteiro”, foi tragado por um tentáculo de luz
advindo do céu, junto com seu exército e partidários.
Assim contam os Sábios,
embora nem todos creiam.
Também contam os Sábios
que os poucos sobreviventes da Guerra Divina deram início à civilização, e que
foi aí que tiveram início os Ritos dos Deuses. Os deuses ainda se comunicam com
os humanos, mas sempre através da Bruma. Contam
os Sábios que enquanto os Cinco eram tragados, cortaram os seus pulsos,
permeando os Elementos com a sua Energia, e assim surgiu a Magia e seus
Caminhos. Contam os Sábios que homens e mulheres passaram a ser visitados em
sonhos e visões pelos Cinco, ensinando-lhes a trilhar os Caminhos da Magia. E
assim surgiram os Magos e Magas. Contam os Sábios que Thelos fez o mesmo, e
assim surgiram os Magos Sombrios, que mais tarde formariam a Ordem de Tash,
entre outras. Contam os Sábios que um dos cinco apareceu em sonhos para sete
escolhidos, e os ensinou muitas coisas, e os conduziu a livros antigos,
escondidos em tumbas e grutas, neste plano e em outros, e os instituiu como
devotos da deusa Danáter, que embora
conheçam muito sobre magia, são proibidos de praticá-la. A sua principal divisa
é “Nosso caminho é a sabedoria/Somos nós
mesmos a Magia de Danáter”. O seu símbolo máximo é formado por três
triângulos em chamas, entrelaçados, que trazem tatuados nas suas testas. Seu
talismã é o Triângulo Único, a parte superior do pentagrama.
“Danáter, no Pentagrama, é o Triângulo Superior.”
Assim reza um dos
versículos do Livro Rubro do Postulante.
Muito mais dizem os
Sábios. Mas eu, Katios, fui escorraçado do seu convívio. Meus triângulos foram
apagados. Meu pentagrama foi quebrado e jogado na Boca de Zel. Estou sem comer
há dois dias. Todos me olham com olhar de desprezo, mesmo os que nas conversas
de taverna zombam dos Sábios e dos seus ritos e crenças. Há dois dias caminho
em linha reta, e agora vejo uma imensa construção ao longe, e casas em torno
dela. E eu que pensei que além do deserto de Alabad não havia nada. Estou
sentado à sombra de uma Kiribata, aquela de caule lilás que os Sábios julgam
extinta. Quando o sol se puser, irei me aproximar.
Autor: Rafael Medeiros
Aguardem os próximos contos de Ékaton!
ResponderExcluirBom, muito bom o conto. Parabéns!
ResponderExcluirTenho um cenário próprio e conto a história dele de modo muito similar. Legal ver outras pessoas fazendo algo que a gente julgava fazer sozinho ^^